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Redução da produção de biomassa, da riqueza e densidade de plantas e da taxa de fluxo de seiva foi observada no Estudo da Seca da Floresta (Esecaflor), realizado por pesquisadores do Museu Goeldi durante 15 anos

  • Publicado: Quinta, 25 de Maio de 2017, 19h50
  • Última atualização em Sexta, 26 de Maio de 2017, 12h26

Um estudo desenvolvido por pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi durante 15 anos dimensionou os impactos da seca na floresta amazônica, fenômeno causado pelas mudanças climáticas. Redução da produção de biomassa, diminuição da riqueza e da densidade de samambaias e queda de 30% da taxa de fluxo de seiva bruta e elaborada foram alguns dados observados durante o Estudo da Seca da Floresta (Esecaflor).

"Em termos gerais, podemos concluir que as florestas tropicais, apesar de sua exuberância, são extremamente vulneráveis às alterações ambientais, principalmente, às relacionadas ao estresse hídrico do solo. Esta vulnerabilidade poderá causar, num futuro próximo, alterações profundas na sua estrutura e composição", afirma o coordenador-nacional do Esecaflor, Antônio Lola, pesquisador do Museu Goeldi. "Nosso objetivo é entender a resposta da floresta se submetida a um estresse hídrico prolongado, conforme previsão de alguns modelos climáticos."

Experimento

Entre 2002 e 2017, os pesquisadores Antônio Lola e Leandro Valle simularam períodos de seca prolongada na Floresta Nacional de Caxiuanã, a mais antiga da Amazônia Legal e a segunda mais antiga do Brasil, a 400 quilômetros de Belém (PA). O experimento foi feito em duas parcelas de 10 mil metros quadrados, sendo que, em uma delas, cerca de 50% da água da chuva foi eliminada do solo. Estas áreas foram delimitadas por trincheiras cavadas com profundidades variando de 50 a 150 centímetros.

A parcela A foi usada como testemunha para os experimentos realizados na parcela B, de onde foi retirada parte da água da chuva. Isso foi feito com a construção de uma estrutura composta por, aproximadamente, 6 mil painéis plásticos, distribuídos a uma altura de até 3,5 metros acima do solo. Toda água captada foi transportada por meio de calhas para uma trincheira que a exclui por gravidade. As duas áreas controladas (uma com e outra sem cobertura artificial) criaram as condições para o desenvolvimento da pesquisa.

No período, uma série de informações foi coletada. Os resultados apontam significativa redução da umidade do solo e da produção de biomassa; diminuição da riqueza e da densidade de indivíduos de pteridófitas (grupos de vegetais compostos por raiz, caule e folhas, como a samambaia) e queda de 30% da taxa de fluxo de seiva bruta e elaborada.

"A nossa meta principal é o entendimento do ciclo de carbono nas florestas tropicais, do balanço de biomassa aérea e subterrânea e da vulnerabilidade das florestas tropicais, além da compreensão da interação da floresta com todas as variáveis meteorológicas", explica Lola. "Este experimento é de extrema importância para conhecermos o futuro da floresta amazônica, pois é o único do planeta que possibilita a aferição de modelos climáticos globais com dados reais gerados continuamente e por um longo período de tempo."

El Niño

Único projeto com 15 anos de duração no mundo, os resultados do Esecaflor estão sendo utilizados em modelos de estudos de anomalias climáticas em escala global, como o El Niño, e também nos modelos de simulação do impacto do desmatamento da Amazônia.

"Os dados desses experimentos têm sido fundamentais para testar hipóteses sobre a função da floresta e levaram a resultados de simulação de alta qualidade em relação às respostas da floresta a secas. Esse projeto tem grande importância na formação e fixação de recursos humanos qualificados, oferecendo oportunidades de cooperação com diversas instituições nacionais em nível de graduação, mestrado e doutorado", avalia o pesquisador Leandro Valle, coordenador da Estação Científica Ferreira Penna, do Museu Goeldi, em Caxiuanã.

De acordo com ele, os cenários climáticos para a Amazônia indicam maior probabilidade de secas intensas repetidas. A ocorrência do El Niño, mais forte e mais frequente, apresenta uma forte interação com a mudança do uso da terra, aumentando a severidade e a duração da estiagem. "Apesar de importantes, os atuais modelos dinâmicos de vegetação produzidos para a Amazônia ainda não conseguem capturar as respostas da floresta a secas prolongadas, tais como os observados na natureza através de experimentos de exclusão da água no solo", afirma o pesquisador.

O projeto foi desenvolvido com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e contou com a participação de 15 quinze pesquisadores nacionais e estrangeiros, ligados a diferentes instituições de ensino e pesquisa. 

 

Fonte: Ascom do MCTIC

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